O "FADO" dizem nasceu nos contextos populares da Lisboa oitocentista, o Fado
encontrava-se presente nos momentos de convívio e lazer. Cantava-se nas hortas, nas esperas de touros, nos retiros, nas ruas e vielas, nas
tabernas, cafés de camareiras. Por essa altura o fado encontra-se associado á marginalidade e
transgressão, em ambientes frequentados por prostitutas, faias,
marinheiros e marialvas, eram os seus cantadores habitualmente descritos como rufiões de voz áspera, ostentando tatuagens,
hábeis no manejo da navalha de ponta e mola, recorrendo à gíria e ao
calão.

Atestando a comunhão de espaços lúdicos entre a aristocracia boémia e as
franjas mais desfavorecidas da população lisboeta, a história do fado
cristalizou em redor do episódio do envolvimento amoroso do Conde de
Vimioso com Maria Severa Onofriana (1820-1846), meretriz consagrada
pelos seus dotes de cantadeira e que se transformará num dos grandes
mitos da "História do Fado", referencia da comunidade fadista.

O Teatro de Revista, género de teatro ligeiro tipicamente lisboeta
nascido em 1851, cedo descobrirá as potencialidades do fado que, a
partir de 1870 integra os seus quadros musicais.
Os bairros típicos, a boémia, os amores e desamores assumem o protagonismo
no canto dos cantadores e cantadeiras da época.
Ascendendo aos palcos do teatro o fado
animará a revista, com refrão e orquestrado, o fado será cantado quer por
famosas actrizes, quer por fadistas de renome.

E
se desde o primeiro momento o fado marcou presença no teatro e na rádio
o mesmo irá acontecer na sétima arte.
De facto, o cinema português consagrou ao fado
particular atenção. Ilustra-o bem o facto do primeiro filme sonoro
português, realizado em 1931, por Leitão de Barros, ter por temática as
desventuras da mítica figura da "Severa".

Em 1947 com O Fado, História de uma Cantadeira
protagonizado por Amália Rodrigues ou, em 1963, com O Miúdo da Bica,
protagonizado por Fernando Farinha, o cinema português consagra
Hermínia
Silva, Berta Cardoso, Deolinda Rodrigues, Raul Nery e Jaime Santos, dando assim particular destaque ao universo fadista.

Usufruindo da divulgação nos palcos do Teatro
de Revista e, a partir das primeiras décadas do século XX, da promoção
de uma imprensa especializada, mediatizando-se progressivamente na
Radio, no Cinema e na Televisão, o fado conhece uma franca vitalidade no
período compreendido entre as décadas de 1940 e 1960, muitas vezes
designado de “anos de ouro”, surgindo em 1953 o concurso da Grande Noite do Fado que se realizará anualmente, até aos nossos dias.
Se a simplicidade
da estrutura melódica do Fado valoriza a interpretação da voz, ela
sublima também os repertórios cantados. Com forte pendor evocativo, a
poesia do fado apela à comunhão entre intérprete, músicos e ouvinte. Em
quadras ou quadras glosadas, quintilhas, sextilhas, decassílabos e
alexandrinos, esta poesia popular evoca os temas ligados ao amor, à
sorte e ao destino individual, à narrativa do quotidiano. Sensível às injustiças sociais, revestiu-se inúmeras vezes, de um
vincado carácter de intervenção.

A divulgação
internacional do Fado começara já a esboçar-se a partir de meados da
década de 30, em direcção ao continente africano e ao Brasil, destinos
preferenciais para actuação de artistas como Ercília Costa, Berta
Cardoso, Madalena de Melo, Armando Augusto Freire, Martinho d’Assunção
ou João da Mata, entre outros artistas. A partir da década
de 1950 a sua internacionalização consolidaria
definitivamente sobretudo através da figura de Amália Rodrigues.

Mísia,Cristina Branco,Camané,Mafalda Arnauth, Katia Guerreiro, Maria Ana Bobone, Joana Amendoeira, Ana Moura, Ana Sofia Varela, Pedro Moutinho, Helder Moutinho, Gonçalo Salgueiro, António Zambujo, Miguel Capucho, Rodrigo Costa Félix, Patrícia Rodrigues, ou Raquel Tavares.

A evolução do fado
Durante a primeira metade do século XIX, o fado esteve associado às classes mais baixas da população de Lisboa. Era cantado nas tabernas e reflectia o seu estado de espírito e preocupações: o desalento, a tristeza, o ciúme e o medo.
Como chega então o fado às restantes classes sociais?
Até meados do século eram poucos os espaços de divertimento da noite lisboeta. Atraídos pelo mistério e pelo 'pecado', os membros da aristocracia começaram a frequentar os bairros pobres da cidade tal como Alfama ou a Mouraria . É desta forma que as classes mais elevadas começam a ouvir o fado e a apreciar este género musical. E se até aqui as letras dos fados eram simples e até rudimentares, escritas pelos homens do povo, a partir de então alguns letrados e homens mais cultos iniciam-se na composição dando ao fado maior notoriedade.

O fado durante a censura
Em meados do século XX, o fado foi alvo de várias alterações. Por um lado, torna-se num género musical profissional pelo facto de ter começado a fazer parte do chamado Teatro de Revista. Muitos amantes do fado passam a fazer deste tipo de música a sua profissão. Por outro lado, vivia-se na ditadura de Salazar e a censura era implacável.
Aos fadistas e instrumentistas era exigida uma licença para cantar e tocar fado, ao mesmo tempo que as letras e os poemas eram sujeitos a uma censura apertada. Mas, inicialmente com o cinema e a rádio e mais tarde com a televisão, o fado já estava totalmente assimilado pelo povo e raro era o português que não admirava este género musical. Ainda mais quando, na década de 50, surge aquela que ficaria para a história como a maior fadista de todos os tempos - Amália Rodrigues.
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